segunda-feira, 29 de novembro de 2010

São Luis recebe espetáculo “Que Trem é Esse?”

Espetáculo do grupo Jupaz (Juventude pela Paz), de Açailândia, será apresentado no próximo final de semana


O espetáculo “Que trem é esse?”, de Açailândia, será apresentado em São Luís nos próximos dias 03 e 04 de dezembro. A primeira apresentação será no teatro Alcione Nazaré, na Praia Grande, dia 03, às 19h; e a segunda, no teatro Tapicuara, no Anjo da Guarda, dia 04, às 18h. Ambos terão entrada franca e com o objetivo de levar a discussão para o público da capital maranhense.

Com a direção de Xico Cruz, tem como elenco Mikael Carvalho, Daniela Sousa, Erika Sousa, Renam Santos, Geisivaldo Cardoso e Edvige Maria. A duração da apresentação é de 40 minutos, com classificação livre.

É um espetáculo de teatro resultado de uma pesquisa realizada nas cidades de Açailândia, Alto Alegre do Pindaré, Marabá, Presa de Porco e Parauapebas, que são cortadas pela Estrada de Ferro Carajás.

Segundo o diretor do espetáculo, Xico Cruz, a montagem retrata a vida das pessoas que são atingidas pelos empreendimentos da mineradora Vale, mostrando as angústias do povo, seus problemas sociais e econômicos, a busca pelo emprego e melhoria de vida. “O espetáculo traz à tona os conflitos, lamentações e dores pela morte de trabalhadores e trabalhadoras, a luta pela sobrevivência, seja com a venda de comidas no trem ou tentando ocupar um pedaço de terra em área urbana”, afirma o diretor.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres

Esta quinta-feira, 25 de Novembro, celebra-se o «Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres». De acordo com as Nações Unidas (ONU), uma em cada três mulheres no mundo é vítima de violência (já foi espancada, coagida sexualmente ou vítima de algum tipo de abuso

Segundo a ONU, garantir a igualdade e participação plena a todos os níveis do processo de desenvolvimento e manutenção de paz é uma das formas de proteger e promover os direitos e liberdades da mulher.

A data é celebrada desde 1981 e recorda o brutal assassinato de três mulheres, a 25 de Novembro de 1960. As irmãs Mirabal, ativistas políticas na República Dominicana, foram mortas por ordens do ditador Rafael Trujillo

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Protesto na Terra Indígena Canabrava

Escrito por Pastoral Indigenista de Grajaú

O que o delegado nunca disse, o que a Globo/Mirante omitiu


Índios Guajajara

Ele mentiu. Não é nada daquilo que ele disse aos meios de comunicação. Ele foi, na realidade, o principal causador da confusão. Os próprios meios de comunicação, a Globo/Mirante, principalmente, agiram de má fé conosco!’. Assim se expressaram alguns indígenas da Terra Indígena Canabrava ao se referirem ao delegado da Polícia Civil de Barra do Corda, Edmar Gomes Cavalcante, que tentou acabar com o protesto indígena no domingo 7 de novembro.


Membros da Pastoral Indigenista de Grajaú visitaram as aldeias da área e colheram, in loco, vários testemunhos. Todos eles coincidem: o delegado agiu de forma irresponsável. Agrediu os manifestantes e fugiu atirando contra homens, mulheres e crianças das aldeias por onde passava, deixando rastro de medo e sangue em gente que nada tinha a ver com a confusão. Várias instituições pensam em denunciá-lo.

Revisitando as aldeias

Haviam passado poucos dias dos tensos e tumultuados acontecimentos que viram como protagonistas índios Guajajara e um delegado de polícia. Uma equipe da Pastoral Indigenista de Grajaú visitou algumas das aldeias que participaram do bloqueio da BR 226 e outras que optaram em não fazer parte do movimento reivindicatório. Aparentemente tudo havia voltado à normalidade. Nos olhar dos indígenas era visível, contudo, um tênue véu de tristeza e decepção. Ainda não conseguiam entender porque um protesto planejado para ser executado de forma pacífica gerou tanta violência, e indignação em muitas pessoas. Homens e mulheres Guajajara de algumas aldeias haviam combinado que interromperiam a BR 226 na altura da aldeia Barreirinha para chamar a atenção do Governo do Estado que não vinha respeitando um Termo de Ajuste de Conduta que havia assinado em junho, garantindo a normalização do transporte escolar para os seus filhos. Os indígenas haviam acertado desde o início que deixariam passar ambulâncias, polícia e facilitariam aqueles casos que exigissem urgência. Tinham consciência que não deviam ‘forçar a barra’, inclusive porque muitas aldeias da mesma terra indígena não haviam aderido ao movimento. Muitos indígenas haviam sido alertados pelos seus caciques de se manterem longe da aldeia Barreirinha, lugar do bloqueio.


Sangue, dor e humilhação

Muitos indígenas são unânimes em confirmar que se o delegado não tivesse agido de forma truculenta e irresponsável teria havido desfecho bem diferente. Os Guajajara narram que naquele fim de tarde de domingo, 07 de novembro, momentos iniciais da manifestação, já havia alguns caminhões parados ao lado da BR 226, na altura da barreira. Explicavam calmamente o porquê daquela manifestação, e pediam compreensão. E, apesar do transtorno, encontraram compreensão por parte dos transeuntes barrados. Afinal, nenhum deles vinha sofrendo algum tipo de violência. Improvisamente, porém, aparece uma moto. O motoqueiro desce, tira rapidamente o seu capacete e visivelmente irritado pergunta: ’Que molecagem é essa?’ Identificou-se como delegado de polícia e indicou que estava armado. Era, de fato, o delegado da Polícia Civil de Barra do Corda, Edmar Gomes Cavalcante que vinha de Grajaú, após dar plantão naquela delegacia daquela cidade. Os indígenas iam deixá-lo passar, mas ele insistiu que parassem imediatamente com o movimento e liberassem a rodovia para todos. Os manifestantes indígenas pediram para ele não interferir. Nesse bate-boca ele sacou improvisamente a arma. Os indígenas não se intimidaram e partiram para cima dele para desarmá-lo. Um deles se aproximou ameaçando-o com uma faca de cozinha, e no enfrentamento lhe cortou parte do dedo da mão esquerda. O delegado, enfurecido, começou a atirar em direção aos indígenas. Acertou logo quatro deles, três que estavam mais próximos, e outro um pouco mais distante. Foi quando um índio correu para buscar uma espingarda, pois ninguém deles tinha arma de fogo. Voltou rapidamente, atirou atingindo levemente o policial. A confusão se agigantou. O policial aproveitou do momento em que os índios socorriam os seus feridos para fugir correndo a pés pela rodovia em direção a Grajaú. O delegado, visivelmente transtornado e enraivecido, segurando o seu revólver na mão direita atirava em direção das casas das aldeias que ficam do lado esquerdo da BR. Alguns indígenas correram ainda ao seu encalço, mas após algumas centenas de metros desistiram. Ele continuava atirando e amedrontando crianças, mulheres e idosos. Foi justamente na aldeia Nova Barreirinha que fica a menos de um quilômetro da barreira, que o delegado atingiu com um tiro o adolescente Hagair Cabral Sá Santos Guajajara, de 15 anos, ferindo-o no pescoço. O adolescente estava no quintal de sua casa, aproximadamente a 150 metros da estrada. O jovem Guajajara é mudo de nascença e tem graves problemas de coordenação motora, o que exige que a mãe dele, Marilene Cabral Guajajara, seja ela a alimentá-lo. O policial em sua atitude tresloucada continuava a atirar, até chegar à aldeia Boa Vista que fica a um quilômetro e duzentos metros da barreira. Aqui pediu socorro a um caminhoneiro que vinha de Grajaú e dirigia um caminhão de cor branca, sem carroceria. A manobra do caminhoneiro foi tão brusca que destruiu parte da cerca de uma residência indígena. Soube-se, posteriormente, pela Mirante/Globo que o delegado foi bem assistido em Imperatriz, o que não ocorreu com os feridos indígenas. Todos eles, inclusive os seus acompanhantes, ao chegarem ao Hospital Acrísio Figueira em Barra do Corda foram sumariamente presos. Uns e outros foram muito maltratados pelos policiais locais. Além da dor, a humilhação da cadeia e do deboche racista.
‘Esta é a verdade dos fatos, não a da Globo!’

Papel decisivo teve, mais uma vez, a rede Globo através da sua filial Mirante. Um verdadeiro show de manipulação e distorção dos acontecimentos que envolve indígenas da Terra Indígena Canabrava, produzindo revolta, indignação e raiva em muitos setores da sociedade. Tudo se concentrou na intransigência indígena e no ‘indefeso delegado’ que para se defender teve que usar a violência. Só faltava dizer contra a sua vontade! De forma criminosa a Globo lançou mão de imagens de março deste ano em que, de fato, na mesma terra indígena havia sido apreendida uma arma e um saquinho de moedas fruto dos numerosos pedágios indígenas. Associou isso aos acontecimentos recentes com o intuito de agravar os indígenas e dar mais ‘munição’ a muitos dos seus já incautos e preconceituosos ouvintes. A Glogo/Mirante não podia certamente fazer publicidade da falta de respeito do Governo Estadual para com as comunidades indígenas locais, que foi o que provocou o protesto. Afinal, os dois se confundem. Quem irá repor a verdade dos fatos quando por dias seguidos foi vendida uma determinada versão dos fatos? Quem irá exigir responsabilidade social a meios de comunicação que criminalizam qualquer movimento indígena? Alguém irá investigar a atuação do delegado despreparado por tentativa múltipla de homicídio? A dona Marilene, mãe do adolescente covardemente ferido pelo delegado, lembra ainda hoje com as lágrimas nos olhos: ’Meu filho escapou por pouco. Quem vai fazer justiça e punir, agora, aquele irresponsável que atentou à vida de meu filho aqui, dentro da minha casa? Esta que é a verdade dos fatos, não a da Globo!’

Fonte: http://www.ecooos.org

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Movimentos fazem articulação contra despejos no Maranhão

Reynaldo Costa
Da Página do MST

Imagem: Google imagem
Dados oficiais indicam que mais de 500 mil famílias maranhenses não possuem moradia adequada, configurando o Estado do Maranhão como o maior déficit habitacional do Brasil.

A situação no campo é tão ruim quanto nas cidades. Apesar da metade da população maranhense viver em áreas rurais, quase 50 % não tem o acesso a terra, mesmo com a extensão das áreas devolutas ou da União.
Além disso, a maioria dos posseiros não tem documentação, enquanto empresas e latifundiários junto ao Estado vem tomando terras e expulsando essas famílias.
Segundo os dados do IBGE de 2006, eram maranhenses 43% dos migrantes que se deslocaram para o Pará, 27% dos que foram para Roraima, 26% para o Tocantins e 14% dos que se deslocaram para o Amapá. Motivo: expulsão de suas terras.
Outra situação é o numero de conflitos no campo. Relatório da CPT aponta que até o início de outubro, o Maranhão ultrapassou o Pará em número de conflitos fundiários. São hoje 196 conflitos, que ameaçam milhares de famílias de trabalhadores rurais sem-terra.

Diante da situação, movimentos sociais e entidades de diversas bandeiras de luta se unem para criar o “Dia Estadual de Combate aos Despejos Forçados” e a Relatoria Estadual sobre os Conflitos Fundiários no Campo e na Cidade.

A iniciativa surgiu a partir de um despejo forçado de 44 famílias, em novembro de 2009, em Paço do Lumiar (hoje comunidade Menino Gabriel).
De lá pra cá, um conjunto de entidades e movimentos sociais vem se articulando para enfrentar os constantes despejos forçados no campo e nas cidades. O objetivo é inserir definitivamente a grave situação fundiária no Maranhão na pauta política.
Para isso, um conjunto de atividades voltadas para o lançamento da “Relatoria Estadual sobre os Conflitos Fundiários no Campo e nas Cidades” e do “Dia Estadual de Combate aos Despejos Forçados” serão realizados.
A programação de lançamento do relatório acontecerá de 16 a 19 de novembro em São Luis.
Entre as atividades, está prevista uma reunião com o Relator Nacional do Direito às Cidades da Plataforma DHESCA, Prof. Dr. Orlando Jr (UFRJ) e visitas a comunidades ameaçadas de despejos forçados.

No dia 18, será o lançamento do Dia Estadual de Combate aos Despejos Forçados e da Relatoria Estadual sobre os Conflitos Fundiários Urbanos e Rurais

No encerramento das atividades, no dia 19, será realizada a Marcha da Periferia

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Reivindicações do Povo Guajajara resulta em confronto na Terra Indígena Canabrava (MA)

Desde a última quinta-feira (4), circulavam informações nas emissoras de rádio em Barra do Corda (MA), de que indígenas do Povo Guajajara, que vivem às margens da BR 226, estariam ameaçando interditar a rodovia como protesto pelo não recebimento do valor destinado ao transporte e merenda escolar indígena. O valor em questão deveria ter sido pago em junho deste ano, quando o governo do Maranhão assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), contudo não honrou o compromisso.
Por volta das 17h de ontem (7), os indígenas iniciaram o protesto e bloquearam parte da BR 226. Durante o bloqueio, o delegado regional de Barra do Corda, Edmar Cavalcanti, que durante o final de semana havia prestado serviço na delegacia da Polícia Civil em Grajaú, retornava para Barra do Corda. Cavalcanti, que viaja sozinho, conduzia uma motocicleta e estava à paisana. De acordo com relatos, ao chegar ao local do protesto, ele tentou convencer os indígenas para que o deixassem passar.
De acordo com o delegado, o grupo não permitiu sua passagem e deu início a uma série de agressões. Cavalcanti teve ferimentos na mão esquerda e parte de um dedo decepado. Segundo ele, após sofrer tais agressões sacou o revolver e começou a atirar na direção dos indígenas. Vários indígenas ficaram feridos e revidaram com tiros de espingarda, dos quais alguns projéteis atingiram Cavalcanti.
No momento do conflito, dois caminhoneiros que seguiam de Grajaú para Barra do Corda, se aproximaram do grupo. De acordo com relatos, eles perceberam a situação, manobraram o caminhão e prestaram socorro ao delegado, levando-o de volta a Grajaú, aonde recebeu os primeiros atendimentos médicos. Na madrugada de hoje, Cavalcanti foi transferido para o Hospital São Rafael, em Imperatriz.


Versões

Um detalhe chama a atenção: na versão do delegado, foram os indígenas que iniciaram o confronto, ferindo-lhe a mão onde um dedo foi decepado... Uma versão estranha, pois o corte teria sido “a causa justa” que fez com que o policial sacasse sua arma e atirasse contra os indígenas. E na delegacia de Grajaú os policiais informaram que fora o próprio delegado que contou que os indígenas usaram arma de fogo depois que ele já havia atirado nos indígenas.
Não se sabe como nem quem socorreu os indígenas, que além de feridos estão presos. Segundo Erismar Timbira, membro da Equipe de Coordenação Técnica da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Barra do Corda, dois indígenas foram presos e levados à delegacia da cidade. Na manhã de hoje, um deles foi liberado. O outro continua preso, porém com um grave ferimento na perna provocado pelas balas deferidas pelo policial. É urgente que ele receba atendimento médico necessário para não vir a perder a perna. Três indígenas, em estado mais grave, foram presos e levados, em seguida, para o Socorrão de Presidente Dutra, dois em estado grave.
Erismar Timbira informou também que os indígenas não procuraram a Funai para comunicar sua intenção e nem buscaram acercarem-se de algumas medidas de segurança. Contudo, ao saberem da intenção dos indígenas, de forma não oficial, tentaram convencê-los a buscar outra solução indo até São Luis para negociarem diretamente com os órgãos estaduais.
No momento, a rodovia naquela área continua sem movimentação de veículos. No entanto, não se sabe se está interditada pelos indígenas, ou se são os viajantes que estão cautelosos e inseguros de trafegarem pelo local após o conflito.
Este estado de coisas acontece exatamente após as eleições, quando a governadora Roseana Sarney anuncia o corte dos gastos e alega não ter dinheiro para honrar seu compromisso com os indígenas. Mais uma vez a governadora mostra para que veio. Enquanto isso recai sobre os indígenas, em mais este triste episódio, as conseqüências: críticas infundadas da mídia regional, não contextualizando os fatos e acirrando o ódio da sociedade não índia, pois omite o real motivo do protesto dos indígenas.

Terra Indígena

A Terra Indígena Cana Brava, mais especificamente o trecho dos 22 km que passa por dentro da terra, tem sido nos últimos anos palco de conflitos entre indígenas e não indígenas. O certo é que a gravidade e conseqüência dos mesmos chamam a atenção. Na maioria dos conflitos ali ocorridos são os indígenas as maiores vitimas, feridos e assassinados.
Mais de oito mil indígenas Guajajara moram na terra indígena Canabrava. A MA 226 foi construída na década de 40 e corta a terra ao meio, sentido Peritoró a Porto Franco ou Barra do Corda a Grajaú.

Com informações de Ana Lucia Corbani Pastoral Indigenista Grajaú/MA
fonte: Cimi Regional Maranhão