quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Greve e resistência em Açailândia

Foto Marcelo Cruz
Piquiá, distrito industrial de Açailândia/MA. A cidade, que muitos consideram promessa para o futuro e o crescimento, vive nesses dias mais um conflito. Dezenas de trabalhadores das siderúrgicas Viena e Fergumar paralisaram os trabalhos de forma geral a partir de segunda-feira 14 de fevereiro. Outras dezenas de moradores do povoado de Piquiá de Baixo uniram-se a essa luta em defesa do direito à moradia e à saúde: as atividades das siderúrgicas há vinte anos poluem o ar e a vida de mais de 300 famílias cercadas pelos empreendimentos.

Desde agosto 2009, os trabalhadores da Viena Siderúrgica tiveram sua jornada de trabalho reduzida e seu salário cortado. Ganham atualmente ao redor de um salário mínimo por mês, trabalhando em turnos cansativos, inclusive à noite, em condições pesadas e arriscadas. Não raramente é pedido aos trabalhadores de ‘dobrar’ seu turno, chegando assim a doze horas consecutivas de trabalho. A cesta básica mensal foi suspensa pela diretoria da empresa logo após a assinatura da convenção coletiva. Nos últimos meses o assédio moral da empresa se fez ainda mais forte.


Há mais de dois anos os moradores de Piquiá de Baixo reivindicam com seu grito desesperado a saída da área poluída onde residem: sonham um futuro mais digno e saudável pelo menos para seus filhos. Exigem respeito e o direito à indenização por seu sofrimento todo. Mesmo assim, as siderúrgicas nem sequer acenaram à compra do terreno onde deslocar os moradores (uma despesa mínima, pelo tamanho de investimentos delas). O Ministério Público concedeu prazos sucessivos que venceram, desde dezembro, sem conseguir resposta.

O povo e os trabalhadores não podem esperar nem mais um pouco! A mobilização ampla está prejudicando a produção da Viena Siderúrgica, que se viu obrigada, pelo que alguns testemunhos relatam, a contratar terceirizados do ramo da construção civil para manter ligados seus fornos. Isso é extremamente grave e perigoso, faltando a esses terceirizados competências técnicas. Um empregado, que ficou trabalhando para cobrir a ausência dos colegas, desmaiou por duas vezes na boca do forno pelo cansaço e a carga de trabalho.

O conflito está posto e aparecem cada vez mais evidentes as contradições e responsabilidades das empresas siderúrgicas para com trabalhadores e moradores.

O coletivo não vai suspender a greve até que não for discutida e encaminhada uma pauta de cinco pontos, redigida pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Açailândia e a Associação de Moradores de Piquiá, a respeito de salários, garantias de trabalho, saúde e moradia.

CUT Maranhão, CNM Brasil, Paróquia São João Batista, Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia, Centro comunitário Frei Tito, Rede Justiça nos Trilhos apóiam a greve e a manifestação popular.

Fonte: Justiça nos Trilhos

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Segue hoje o terceiro dia do Festival de Teatro de Açailândia com o espetáculo “O Dialogo Obscuro”

O grupo Cordão de Teatro de Açailândia em parceria com a Santa Ignorância Cia. das Artes de São Luís realiza nos dias 10,11,12 e 13 o I Festival de Teatro de Açailândia.
O desafio em realizar um Festival de Teatro na cidade é a falta de um espaço adequado para as apresentações. E os apoios geralmente são de amigos. Nesse desafio, acontece os espetáculos e a Arte se faz viva na cidade.
O I Festival de Teatro vem com objetivo de difundir as manifestações culturais e propagar a arte nas cidades
do interior do Maranhão.

Aqui algumas fotos dos primeiros dias do Festival de Teatro:


Miolo da Estória - Lauandes Aires

Miolo da Estória - Lauandes Aires


Memórias de um mau-caráter - Cesar Boaes

Memórias de um mau-caráter - Cesar Boaes

Memórias de um mau-caráter - Cesar Boaes

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

CONVITE


Açailândia: terra de conflitos e esperanças







Nossa cidade mais uma vez volta a ocupar o cenário da mídia nacional. Depois da reportagem da revista Veja, nessa última semana o Fantástico descreveu Açailândia como “uma terra sem lei”.
A Paróquia São João Batista e o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos, em colaboração com a Defensoria Pública e o grupo Jupaz, convidam a população de Açailândia para uma noite de partilha sobre nossa realidade: “Açailândia: terra de conflitos e esperanças”.
Quinta-feira 10 de fevereiro
18 h.: Encontro com a Defensoria Pública Estadual
Relato das atividades 2010 (em defesa dos direitos a saúde, moradia, de crianças e adolescentes, das pessoas encarceradas)
Agradecimento aos defensores que estão deixando a cidade e boas-vindas ao novo núcleo de 4 defensores para 2011 (plano de ação e perspectivas)

20 h.: Peça teatral “Que trem é esse?”
Obra do Jupaz Açailândia, com a direção de Xico Cruz. A peça retrata os conflitos sofridos pelas comunidades da região tocantina e do corredor de Carajás, no impacto com o ‘desenvolvimento’ e os grandes projetos, em especial aqueles ligados à Estrada de Ferro Carajás.

Vamos recomeçar o ano com energia e esperança, em solidariedade às comunidades, movimentos e instituições públicas que defendem os direitos humanos e a dignidade de vida para todos/as!

Local
: Salão da igreja São João Batista – bairro do Jacu
Contato para informações: tel. 3538.1787

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Siderúrgicas de Piquiá: como ser empresas socialmente irresponsáveis

Piquiá de Baixo
Parece paradoxal, mas talvez seja a única saída para as famílias de Piquiá de baixo, Açailândia, Maranhão: organizar uma coleta para arrecadar dinheiro e comprar o terreno onde construir as casas numa possível transferência de famílias afetadas pela poluição intensa produzida pelas siderúrgicas locais. É que as poderosas siderúrgicas do Estado, organizadas e associadas ao SIFEMA, - o sindicato das siderúrgicas do Maranhão cujo presidente é o atual secretário estadual de Agricultura, Claudio Donizete Azevedo, - fazem corpo mole. Não acenam até o presente momento a desembolsar R$ 220.000 – duzentos e vinte mil Reais para adquirir o terreno escolhido consensualmente pelas famílias de Piquiá de baixo. Isto seria um sinal básico, mínimo, que as empresas poderiam oferecera toda a sociedade e aos negociadores. Além de fazer parte de um acordo informal – por enquanto – entre um grupo de instituições sob a coordenação do Ministério Público Estadual para tentar solucionar de vez um problema sócio-ambiental que vem se arrastando há décadas.
Diante da crescente poluição e prejuízos à saúde pública, e ao constatar que as empresas dificilmente irão mudar do atual local, a solução proposta pelo grupo inter-setorial foi a transferência de cerca de 300 famílias de Piquiá de baixo. A sua eventual transferência que vem sendo negociada aos trancos e barrancos, com omissões e evidente falta de interesse por parte de alguns atores locais, não poderá significar ‘carta branca’ para continuar a poluir. Ao contrário. Contribuir para amenizar, de forma emergencial, um impacto que vem produzindo prejuízos de toda ordem é para as siderúrgicas uma obrigação moral e legal. E, simultaneamente, terão que adotarem mecanismos efetivos para reduzir a emissão de fuligem. Sem falar em ações de indenização que obrigatoriamente irão aparecer. As empresas apostam na frouxidão legal e fiscalizatória do Estado...
O impasse, contudo, nesse momento, é o papel exercido pelo Ministério Público de Açailândia. Vem se omitindo de forma escandalosa. Talvez pressionado por forças locais. Há fortes apelos populares para que este assuma definitivamente, com coragem, a sua responsabilidade legal em convocar, cobrar, mediar e instaurar inquéritos para apurar responsabilidades. Diante de tanta falta de irresponsabilidade social e....vergonha de empresas que só sugam ar, saúde pública e suor humano é o mínimo que o ‘defensor dos direitos coletivos’ tem que fazer

Fonte: ecooos