As nove comunidades Rurais de Buriticupu (MA), que se encontram ao longo
da Estrada de Ferro Carajás – EFC se reuniram nos dias 27 a 29 de Janeiro para
participar do curso de agroecologia que aconteceu no povoado Centro dos Farias.
Proposta e Resistência
No I Seminário de Resistência e Propostas das
Comunidades do Município de Buriticupu que sucedeu á quase dois meses atrás, as
comunidades discutiram formas alternativas ao modelo de exclusão imposta pela
Vale as populações que moram entorno da EFC. Foram debatidas formas de
resistências a partir das capacidades da população local.
A rede Justiça nos trilhos com a
parceria do Fórum de Políticas Públicas de Buritcupu realizou junto ás noves
comunidades uma curso de agroecologia que reuniu no salão de encontros de
Centros dos Farias cerca de 40 homens, mulheres e jovens do campo.
A professora de agroecologia
Marilena Vieira Leite, no primeiro dia do curso refletia junto as participantes
o uso do agrotóxico nas hortas e roças do pequeno agricultor, o veneno que vai
parar nas mesas das famílias camponesas e urbanas. Manifestava também a
importância de trabalhar a terra de forma sustentável e de produzir alimentos
saudáveis.
Uma pesquisa recente revela que o
Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. A campanha “agrotóxico
Mata”, dirigida por movimentos sociais e estudiosos, estima que cada brasileiro
consome em torno de 5,2 litros de veneno por ano.
“Á pratica da agroecologia bate
de frente com os grandes produtores de hortas e da agropecuária, porque visa o
cuidado com a natureza e com a vida, e não apenas o lucro.” Relata a assessora
do curso de agroecologia, Olinda Vieira Leite.
A
necessidade de um novo modelo
As
comunidades que são diariamente impactadas pela mineradora Vale temem com a duplicação
dos trilhos, São mais de 8 bilhões de reais para duplicar toda a Estrada de
Ferro Carajás, aumentar em 40 milhões de toneladas o escoamento anual de ferro
por ano. Uma obra de elevada envergadura, que prevê nos próximos quatro anos a
construção de 46 novas pontes, 4 viadutos ferroviários, 19 viadutos
rodoviários, reforma dos 57 pátios da ferrovia. Em função de tudo isso, será
necessário construir diversas vias de acesso, deslocar máquinas pesadas,
movimentar milhões de metros cúbicos de rocha e terra e utilizar intensivamente
a água. Para as comunidades todo isso significa o aumento dos impactos,
atropelamentos pelo trem, destruição dos rios e poços, rachadoras nas casas e o
aumento do barulho do trem. João Simas Cordeiros morador a mais de 8 anos da
comunidade Centro dos Farias diz “ Até
hoje a vale nunca chegou aqui para nos ajudar, prometeu á muito tempo atrás
asfaltar a única via da comunidade e até hoje nunca apareceu.” O descaso da
Vale as populações das comunidades de entorno da EFC é desumano. “Eles entraram
no meu quintal e já foi medindo sem saber quem era o dono. Eu tinha um poço em
minha terra onde eu pegava água pra beber e conzinha com a trepidação causada
pelo trem derribou as manilhas do poço e soterro. Fui falar pessoal da Vale,
sobe o que eles disseram? que não podia parar com o trem para fazer o poço e
que eu me virasse e procurasse outro locar pra cavar.” relata Sr. João Sima.
Frente a essa modelo de exploração que cresce à custa das injustiças
sociais. As noves comunidades rurais de Buriticupu se unem em busca de uma
alternativa de produção sustentável e rentável. “Esses grandes projetos como
agente ver não vem beneficiar o pequeno produtor em nada, eles simplesmente
usufruem dos recursos naturais e de todo que existe e levando para fora essas
riquezas. Com isso, os pequenos ficam na pior situação, muitos migrando para zonas
urbanas chegando à cidade sem um trabalho, sem salário e acabam por parar nas
periferias.” Conta a instrutora do curso de agroecologia Marilena
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