sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Curso de agroecologia é realizado nas comunidades impactadas pela mineração em Buriticupu/MA


As nove comunidades Rurais de Buriticupu (MA), que se encontram ao longo da Estrada de Ferro Carajás – EFC se reuniram nos dias 27 a 29 de Janeiro para participar do curso de agroecologia que aconteceu no povoado Centro dos Farias.
Foto Marcelo Cruz

Proposta e Resistência

 No I Seminário de Resistência e Propostas das Comunidades do Município de Buriticupu que sucedeu á quase dois meses atrás, as comunidades discutiram formas alternativas ao modelo de exclusão imposta pela Vale as populações que moram entorno da EFC. Foram debatidas formas de resistências a partir das capacidades da população local.
A rede Justiça nos trilhos com a parceria do Fórum de Políticas Públicas de Buritcupu realizou junto ás noves comunidades uma curso de agroecologia que reuniu no salão de encontros de Centros dos Farias cerca de 40 homens, mulheres e jovens do campo.
A professora de agroecologia Marilena Vieira Leite, no primeiro dia do curso refletia junto as participantes o uso do agrotóxico nas hortas e roças do pequeno agricultor, o veneno que vai parar nas mesas das famílias camponesas e urbanas. Manifestava também a importância de trabalhar a terra de forma sustentável e de produzir alimentos saudáveis.
Uma pesquisa recente revela que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. A campanha “agrotóxico Mata”, dirigida por movimentos sociais e estudiosos, estima que cada brasileiro consome em torno de 5,2 litros de veneno por ano.
“Á pratica da agroecologia bate de frente com os grandes produtores de hortas e da agropecuária, porque visa o cuidado com a natureza e com a vida, e não apenas o lucro.” Relata a assessora do curso de agroecologia, Olinda Vieira Leite.


 A necessidade de um novo modelo 

As comunidades que são diariamente impactadas pela mineradora Vale temem com a duplicação dos trilhos, São mais de 8 bilhões de reais para duplicar toda a Estrada de Ferro Carajás, aumentar em 40 milhões de toneladas o escoamento anual de ferro por ano. Uma obra de elevada envergadura, que prevê nos próximos quatro anos a construção de 46 novas pontes, 4 viadutos ferroviários, 19 viadutos rodoviários, reforma dos 57 pátios da ferrovia. Em função de tudo isso, será necessário construir diversas vias de acesso, deslocar máquinas pesadas, movimentar milhões de metros cúbicos de rocha e terra e utilizar intensivamente a água. Para as comunidades todo isso significa o aumento dos impactos, atropelamentos pelo trem, destruição dos rios e poços, rachadoras nas casas e o aumento do barulho do trem. João Simas Cordeiros morador a mais de 8 anos da comunidade Centro dos Farias diz  “ Até hoje a vale nunca chegou aqui para nos ajudar, prometeu á muito tempo atrás asfaltar a única via da comunidade e até hoje nunca apareceu.” O descaso da Vale as populações das comunidades de entorno da EFC é desumano. “Eles entraram no meu quintal e já foi medindo sem saber quem era o dono. Eu tinha um poço em minha terra onde eu pegava água pra beber e conzinha com a trepidação causada pelo trem derribou as manilhas do poço e soterro. Fui falar pessoal da Vale, sobe o que eles disseram? que não podia parar com o trem para fazer o poço e que eu me virasse e procurasse outro locar pra cavar.” relata Sr. João Sima.    
Frente a essa modelo de exploração que cresce à custa das injustiças sociais. As noves comunidades rurais de Buriticupu se unem em busca de uma alternativa de produção sustentável e rentável. “Esses grandes projetos como agente ver não vem beneficiar o pequeno produtor em nada, eles simplesmente usufruem dos recursos naturais e de todo que existe e levando para fora essas riquezas. Com isso, os pequenos ficam na pior situação, muitos migrando para zonas urbanas chegando à cidade sem um trabalho, sem salário e acabam por parar nas periferias.” Conta a instrutora do curso de agroecologia Marilena             


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