quarta-feira, 19 de setembro de 2012

domingo, 13 de maio de 2012

Corredor de Carajás é tema de exposição fotográfica na Itália


A exposição revela o cotidiano de pessoas que vivem a margem da estrada de Ferro de Carajás


Desde o dia 03 desse mês acontece no Centro Culturale San Gaetano, Cidade de Padova, Italy, uma exposição fotográfica que mostra a realidade de comunidades que moram as margens da estrada de Ferro de Carajás, por onde passa o maior trem de minério do mundo. A exposição encerra nesta segunda-feira (14) e é organizada pela Rede Justiça nos Trilhos em parceria com outras entidades.
A Rede Justiça nos Trilhos é uma coordenação de associações e movimentos que tem entre seus objetivos lutar na defesa de comunidades atingidas pelos impactos do Programa Grande Carajás, nos estados de Pará e Maranhão. A exposição fotográfica apresentada na Itália reafirma esse objetivo e busca sensibilizar as pessoas para os problemas socioambientais causados pelo Programa.  De acordo com o fotógrafo responsável pelo trabalho, Marcelo Cruz, a estrada de ferro de Carajás corta cidades, povoados indígenas, quilombolas e assentamentos. Os moradores sofrem constantemente com os impactos social e ambiental causada pela prática da extração de minério no Pará e Maranhão.   
A exposição é composta por 30 fotos que foram selecionadas após um longo trabalho de documentação fotográfica das práticas cotidianas dessas comunidades. “A maioria das fotos que se encontram na exposição são fotos que fiz para a revista Caros Amigos, de São Paulo. As fotos revelam os rostos de trabalhadores camponeses, mulheres e crianças que vivem da venda de comida nos trem de passageiro. As fotos também revela a natureza sendo devastado na Serra de Carajás, Pará”, afirmou Marcelo Cruz, fotógrafo e militante da Rede Justiça nos Trilhos.       
O fotógrafo ainda relata que é muito importante essa exposição ter chegado até a Itália porque é uma história que está sendo contada a partir do relato fotográfico. É a  história de um povo brasileiro que sofre as mazelas trazidas pela pratica da extração de minério nos estados do Pará e Maranhão.
O interesse da organização é não parar com a exposição, motivo pelo qual já estão trabalhando para mostrar as fotos na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20) que acontecerá de 13 a 22 de junho, na cidade do Rio de Janeiro.
 Rede Justiça nos Trilhos 

terça-feira, 20 de março de 2012

Resultado de julgamento é favorável para moradores de Piquiá de Baixo


Piquiá de Baixo

Foi confirmada a legalidade da desapropriação do terreno para o reassentamento das famílias
  
A 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça decidiu, em sessão realizada hoje, pela legalidade da desapropriação do terreno destinado ao reassentamento dos moradores de Piquiá de Baixo.  Em voto extensivamente fundamentado, o Desembargador Paulo Velten, relator do processo, reconheceu a gravidade da situação e o dever das empresas poluidoras e dos entes públicos de promover soluções imediatas para o problema, dentre eles a mencionada desapropriação.    
Há pelo menos duas décadas, mais de 350 famílias residentes no bairro Piquiá de Baixo estão obrigadas a conviver diariamente com a poluição causada pelo polo siderúrgico de Açailândia. Hoje, esses moradores comemoram uma conquista que será definitiva para o futuro de suas vidas..
Após assistir a todo o julgamento, uma comissão de moradores de Piquiá de Baixo segue hoje com sua agenda extensa de reuniões em São Luís. “Cobraremos do Governo do Estado do Maranhão pelos compromissos já assumidos quanto a recursos para a construção das casas. Agora com essa decisão do Tribunal, contamos com MPE e DPE para fazer com que as empresas assumam suas responsabilidades e tomem medidas urgentes para o nosso reassentamento”, diz Edvard Cardeal, presidente da Associação de Moradores.
Outro grupo de moradores está concentrado no Fórum de Açailândia, em busca da efetivação da imissão na posse, para que a projetação do novo bairro possa se iniciar em breve .





Assessoria de Comunicação
Rede Justiça nos Trilhos
Mais informações: (99) 8817-1536 - Larissa Santos
Email: larissasantos.jornalista@gmail.com

Moradores de Piquiá de Baixo presenciam julgamento em São Luís


Açailândia-Piquiá-MA

O julgamento acontece na manhã de terça-feira, dia 20 e é decisivo para o futuro da comunidade

Nessa terça-feira (20), uma comissão de moradores de Piquiá de Baixo, Açailândia (MA), estará em São Luís para presenciar o julgamento que vai decidir sobre o reassentamento desses moradores em um novo local. O bairro Piquiá de Baixo localiza-se no quilômetro 14,5 da rodovia BR-222, a 566 km da capital do Maranhão.
 Há pelo menos duas décadas, as mais de 350 famílias residentes no bairro Piquiá de Baixo estão obrigadas a conviver diariamente com a poluição causada pelo pólo siderúrgico de Açailândia. Espera-se que o julgamento desta terça desbloqueie o processo de mudança dos moradores para uma nova área, fato que influenciará diretamente na qualidade de vida dessas pessoas.

Polo industrial

O polo siderúrgico de Açailândia é composto por cinco empresas, Companhia Siderúrgica Vale do Pindaré, Ferro Gusa do Maranhão Ltda (Fergumar), Gusa Nordeste S/A, Siderúrgica do Maranhão S/A (Simasa) e Viena Siderúrgica S/A. Tudo o que é produzido por elas é destinado ao mercado externo.
Essas empresas são parceiras preferenciais da Vale S/A, que fornece o minério de ferro. Depois de fornecer a matéria prima, ela transporta toda a produção até São Luis, através da Ferrovia que têm em concessão e que passa exatamente pelo povoado de Piquiá de Baixo.

Luta e perseverança

A luta dos moradores de Piquiá de Baixo por melhores condições de vida já leva alguns anos e tem se intensificado nos últimos meses. Em dezembro de 2011, moradores do bairro saíram em marcha e bloquearam por quatro horas a BR-222 que liga Açailândia a São Luís. 
Repercussão

A gravidade do caso de Piquiá de Baixo gerou repercussão nacional e internacional, ao ponto de suscitar o interesse da Federação Internacional de Direitos Humanos em realizar um estudo que resultou na publicação do relatório “Quanto Valem os Direitos Humanos”. O caso também foi matéria de capa da Revista Caros Amigos, na edição do último mês de fevereiro.

Agenda ampla em São Luís nesta terça

Independentemente do resultado do julgamento, a comissão de moradores de Piquiá de Baixo terá uma agenda extensa de reuniões em São Luís. “Cobraremos do Governo do Estado do Maranhão pelos compromissos já assumidos quanto a recursos para a construção das casas. E também veremos com MPE e DPE sobre possíveis ações judiciais para sanar o problema de uma vez, já que as negociações estão se dando muito lentamente e não parece haver boa vontade dos responsáveis”, diz Edvard Cardeal, presidente da Associação de Moradores.

Dados do julgamento

O julgamento do processo que interessa aos moradores de Piquiá (agravo de instrumento nº 26.821/2011) se dará na manhã desta terça-feira durante a sessão da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça prevista para começar às 9h.
           




Assessoria de Comunicação
Rede Justiça nos Trilhos
Mais informações: (99) 8817-1536 - Larissa Santos
Email: larissasantos.jornalista@gmail.com


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Uma Ida. Uma Volta

Fotos: Marcelo Cruz


Uma Ida. Na estação de Santa Inês, com um olhar perdido e desconfiado à espera da comprida centopéia, que já está atrasada á uma hora. Uma bolsa nas costas com algumas poucas roupas é tudo que tem. A tristeza por não saber quando voltará para os braços de sua família. O medo do desconhecido. Ouviu falar, que no Pará uma grande fazendo está precisando de trabalhadores.

O trem de Passageiro leva mais um sonho, alguém que sai do Maranhão para encontrar no Pará um trabalho, e assim ajudar financeiramente sua família.

Na estação da cidade maranhense Açailândia, uma família chegar num taxi amarelo, sai de dentro, um homem, uma mulher e mais quatro crianças. O taxista vai ao bagageiro e tira três sacos de fibra tão finos que quem olhasse enxergava as cores das roupas e pertences daquela família. O homem, logo vai comprar as passagens enquanto a mulher alta e morena fica com as crianças que brincam com uma boneca estranha de cabeça grande, em cima dos sacos de roupas.

Logo o trem chega e leva aquela família de muitos sonhos, que se juntam a outros sonhos dentro dos vagões de passageiros. É gente que vai é gente que vem, de lá pra cá, de cá pra lá. Ouviu falar que determinada cidade cresce as oportunidades de trabalho e que será metrópoles do futuro. Com a idéia que será bem acolhido no desconhecido, parte, e dá adeus a historia que deixou pra trás. 

A comprida centopéia chega à estação da cidade paraense Marabá, ás 22 horas. É tanta gente saindo do trem, homens, mulheres, Jovens e crianças. O homem magro, que saiu de Santa Inês vai à procura da fazenda que ouvira falar da vaga de trabalho. A família que saiu de Açailândia continua no trem, só descerá na ultima estação no município de Parauapebas.

Uma volta. Na estação de Marabá o trem está marcado para sair as 8:29 da manhã para o estado do Maranhão. Quanta gente ali à espera do trem naquela semana de carnaval, muito saiam do Pará para pular o carnaval no Maranhão. Como era de costume o trem atrasou mais uma vez. Um empurra-empurra na chegada do trem, gente pra todo lado, alguns gritando estressado com a espera demorada, outros irritados com a falta de organização.

Algumas horas depois, um homem magro com boné preto de tatuagem na mão se aproxima contando de onde vinha, falava que trabalha numa fazenda tirando leite de 120 vacas, com mais dois amigos, em Itupiranga. E que há três meses não via sua mulher e seus filhos. Pedira para seu patrão lhe dá três dias de folga pra ir visitar sua família, em Santa Inês. Com um olhar de saudade e ansiedade, contava às horas pra chegar. Em mês e mês depositava o pouco do dinheiro que ganhava pra mulher comprar comida e roupas pra ela e paras as crianças. Assim nesse vai e nesse vem, em cima dos mesmos trilhos que passam os grandes trens de cargas com seus vagões cheios de minério, levando a riqueza brasileira para fora do país, para enricar grandes corporações comerciais e os donos da mineradora Vale, a história sofrida do povo brasileiro continua no vai e vem, de lá pra cá, de cá pra lá. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

TREM QUE DÁ RITMO E QUE DITA ÁS REGRAS



Algumas das casas na maioria de pau-a-pique, na frente delas a única vicinal que dar acesso ao povoado. Uma vicinal com muito lagos, não pensem que sejam lagos de águas cristalinas, são lagos feito com a água da chuva também conhecido como poças de lamas, concentradas em frente ás casas.

Em baixo de uma mangueira, uma mulher morena de estatura media, varria a frente de sua pequena casa. Sempre de portas abertas, quem passasse em frente enxergava de fora o carinho e o cuidado que aquela mulher tinha de seu lá. Em quanto varria, suas duas filhas aproveitavam a ultima semana de férias da escola para brincar em frente à pequena casinha, em baixo da mangueira. Suas brincadeiras, não eram com as sofisticadas bonecas da barbie. Brincavam de fazer castelos de areia, enquanto uma buscava areia a outra fazia os castelos. E assim as duas meninas construíam sonhos.

As noites eram mais escuras e o céu mais estrelado. Aquele costume de sentar em frente ás casas para contar histórias ou estórias, adivinhas, piadas ou olhar o céu, já era um pouco menos praticado. Alguns se reuniam na casa do visinho para assistir novelas...     
        
Alguns mosquitos atormentavam os visitantes, como eles adoravam umas pernas! Mas lá existe outro mosquito que atormentava muito mais, não só os visitantes, mas todos que há muito tempo vivem naquela comunidade.

Alguns metros ao lado da única vicinal do povoado, uma grande linha de ferro de 892 km passa em frente aquela comunidade. Uma estrada de ferro bem cuidada com manutenção todos os dias, para á passagens dos grandes trens de mais de três mil metros de comprimentos que levam minérios para o porto da capital São Luis/MA.

O trem que passa. trem que vem, trem que pára, tirando o direito de aprender, de prosear, de descansar e de viver.  Trem que dar ritmo e que dita ás regras.

 Quatro horas da manhã, o jovem vaqueiro que cuida do pequeno rebanho de gado de seu velho pai, levanta todos os dias para tira leite, e alimentar sua família. No curral de arames farpado, ver o sol chegar. Na frente dele um trem parado, fica atento, na espera do bendito trem sair do caminho que leva ao pasto, por onde ele passa com suas vacas leiteiras para pastar. Esse é o trem que dar ritmo e dita ás regras na comunidade Centro dos Farias no município de Buriticupu/MA.